Obras na entrada de Santos devem retirar 12
moradias de comunidade
Execução da segunda fase fará com que famílias da
comunidade Mangue Seco sejam obrigadas a sair
SANDRO THADEU
01/07/2018 - 11:00 - Atualizado em 01/07/2018 - 11:00
A execução da segunda fase das obras da entrada de Santos (pela Via Anchieta), que inclui melhorias de drenagem na Zona Noroeste e a construção da Avenida Beira-Rio, margeando o Rio São Jorge, fará com que 12 famílias da comunidade do Mangue Seco sejam obrigadas a procurar um novo lugar para morar em breve.
O medo de ficar sem teto fez com que parte desse grupo estivesse no
auditório da Secretaria Municipal de Educação (Seduc) na última segunda-feira
(25), com cartazes, cobrando providências da Prefeitura.
Naquele dia, ocorreu audiência pública promovida pela Comissão Municipal
de Análise de Impacto de Vizinhança (Comaiv) para discutir as obras da entrada
da Cidade.
Embora as famílias tenham feito as reivindicações sobre o Estudo de
Impacto de Vizinhança (EIV) das obras da entrada da Cidade pela Via Anchieta a
serem executadas pela Ecovias, o gerente de Engenharia da empresa, Sidney Vilar
Rodrigues Filho, explicou que as intervenções que cabem a ela não provocarão
desapropriação ou reassentamento de famílias.
As intervenções, estimadas em R$ 260,7 milhões, serão realizadas pela
Ecovias, concessionária do Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI).
O pintor automotivo Rafael dos Santos Bezerra explicou que a região onde
eles moram passou a ser ocupada há três anos e meio, após um incêndio que
afetou a comunidade, em maio de 2014.
Em novembro do ano passado, a força-tarefa da Prefeitura foi até as
residências para entregar uma intimação, solicitando que as famílias deixassem
o local. Porém, esse pedido foi ignorado por falta de opção.
“Estamos buscando uma alternativa para saber como iremos ficar. Não
podemos sair dali de uma hora para outra. Estamos sem uma resposta concreta da
Prefeitura. Temos medo de que joguem a retroescavadeira em cima da gente a
qualquer momento”, disse ele, que está desempregado e vive no local com a
mulher e uma filha de 5 anos.
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Obras incluem melhoria na
drenagem na Zona Noroeste e construção da Av. Beira-Rio (Foto: Carlos
Nogueira/AT)
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Balanço
Como as obras no entorno tiveram início em fevereiro deste ano, a
movimentação de máquinas pesadas é constante, o que faz os barracos dali sempre
balançarem.
O aposentado Paulo César Ramos de Barros explicou que as pessoas estão
apenas lutando pela moradia, que, lembra, é um dever constitucional do Poder
Público.
Segundo ele, está sendo um período de agonia muito intensa, porque as
famílias são numerosas e várias delas têm crianças, parte das quais com
deficiências.
“Somos brasileiros e queremos apenas um lugar digno para viver com as
nossas famílias. Não queremos nada de graça. Estamos nessa situação por falta
de opção”, lamentou.
Diálogo aberto
O responsável pela Unidade de Gerenciamento do Programa Nova Entrada de
Santos, o arquiteto Wagner Ramos, explicou que essas pessoas não podem ficar
ali por causa dos riscos provocados com a construção da Avenida Beira-Rio.
Um dos objetivos da abertura dessa via é impedir ocupações irregulares
às margens do Rio São Jorge.
Ao final da audiência pública, o ouvidor público municipal, Rivaldo
Santos, garantiu que nos próximos dias será realizada uma reunião com técnicos
da Prefeitura, Companhia de Habitação da Baixada Santista (Cohab) e
representantes das famílias para buscar uma solução.
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